Vivendo, contando e inventando histórias

Uncategorized

Sem irmãos

Sou filha única raiz. Nasci no meio do século passado quando a pílula ainda não tinha dado as caras por aqui e as mulheres não tinham a possibilidade de decidir quantos filhos queriam. Não sei qual malabarismo fez a minha mãe, sendo animada como era nos temas românticos, para ter apenas uma filha. Sou filha única por determinação superior, diria divina 🙂

Não foi fácil ser única quando o normal era ser uma tropa. Passei perrengues. Às vezes, fazia minhas as dúvidas alheias e pensava ser adotada. Rezava para meus pais biológicos serem gente fina que morasse num país distante e um dia eu pudesse ir visitá-los.

Não tinha irmãos mas podia ter ao menos muitos pais e mães. Muito cedo me dei conta dessa falta, desse oco. Queria muito ser de uma família grande, com tudo de bom e ruim que isso pudesse significar.

Passei a vida fazendo meus próprios irmãos: primos, colegas de colégio e de trabalho. Assim tipo grude, chiclete, encostando esse povo na parede para não ter como recusar o parentesco. Sobrou também para as minhas filhas, serem um pouco irmãs caçulas. Desse jeito fui sendo filha única com um montão de irmãos.

Posso celebrar esse dia dos irmãos deixando meu abraço pegajoso e lembrando que esta filha única adora seus muitos irmãos.

* Foto emprestada de uma colega a quem não pude identificar para dar os créditos. Deixo um abraço.