Vivendo, contando e inventando histórias

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Clube de Mulheres

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Pura invencionice do Eu Lírico 🙂

– Tou pronta! Roupitcha, batom e perfume. Vamos nessa?

– Tou quase. Falta pouco pra terminar a maquiagem.

– Anda logo, antes que descubram que vamos sair fugidas. E aí, blablau aventura. Avisa para as outras meninas não perderam a hora. Quem chega atrasada não entra.

– Tu é muito chata. Quando ficar mais velha ninguém vai te aguentar.

– Ah, tá. Falou a jovenzinha calma. A que rasga lençol quando o lanche atrasa 15 minutos.

– Você inventa coisa complicada. Eu queria um programa mais light. Esta história de clube para ver homem pelado é arriscada demais. Se descobrirem, vamos ter que enfrentar a ira da família.

– Larga de ser cagona. Esta é nossa primeira saída para um lugar divertido, frequentado por adultos e não por gente que precisa estar sempre acompanhada, supervisionada. Eu me recuso a não ser tratada como adulta.

– Achei sua saia curta demais. Insinuante e provocativa. Depois não se queixe de cantadas desrespeitosas.

– Cala a boca e pula logo esse muro, sua pamonha.

– Ai, ai, ai, acho que torci o tornozelo. Caí de mau jeito.

– Puta que pariu! Tanta hora pra você se espatifar e justo agora inventa de bancar a jaca mole. Eita, porra! Cala a boca que a enfermeira chefe está vindo em nossa direção.

– Eu bem que avisei que sair daqui do asilo pela porta da frente era mais seguro. Onde já se viu mulheres de 84 anos pularem muro?!

– Idiota, duas velhas como nós só atravessam a porta da frente deste Bosque da Vovó se for deitadinhas num caixão.

– Fomos pegas. Ver homem pelado, nuzinho, barriga de tanquinho, agora só na outra encarnação. Ô vontade de chorar.

– Culpa sua, Anita, não sei onde eu estava com a cabeça quando achei que dividir quarto de asilo com você, ia ser coisa que prestasse.

– Vai te lascar, Luluca. Se não sou eu, quem danado ia te aguentar?

– Psiu! Calada. Última tentativa. Se Sandrona não nos achar, a gente chama uma uber ambulância, passa numa UPA pra enfaixar teu tornozelo e ainda chegamos no Clube das Mulheres, a tempo de ver o tal bonitão (que a Vera falou) jogando a cueca para a plateia. Pode deixar que eu pego.

– Meu sonho. Só de pensar, meu coração já acelerou e tá me dando até uma suadeira.

– Eu, idem. Epa! Peraí, Sandrona! A gente tava aqui só tirando erva daninha do canteiro de margaridas. Fugir? Tá louca? Não conte pros nossos filhos, tá? A gente ia à igreja, comemorar o Dia dos Idosos. Mas voltava antes de escurecer. Topa deixar a gente ir?

Nota válida para todos os textos: Uso e abuso do direito de fantasiar e inventar histórias.